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HORIZONTES: MATO GROSSO

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Fazer uma pesquisa sobre a música do estado de Mato Grosso, infelizmente, não é tão simples como eu imaginava a princípio.

Ao iniciar as buscas me deparei com artistas que levavam o nome do estado, porém apenas tinham morado e iniciado a carreira por lá e eu estava buscando músicos natos da região. Em seguida, encontrava notícias sobre grandes músicos que tinham se tornado referência dos ritmos do estado, porém, eram notícias vagas sobre eventos municipais com músicos diversos, vídeos caseiros, e (pasmem!) até mesmo os shows estavam dando lugar a apresentações em eventos empresariais.

Logo depois me deparei com uma questão, que a meu ver, é ainda mais grave, quando percebi que toda informação que encontrava pela internet me levava a apenas um lugar: Cuiabá.

Mas eu não tinha dúvidas de que, certamente, os demais estados teriam músicos incríveis e minha saída foi ir atrás logo de outros pesquisadores que já tivessem feito essa busca. E imaginem a minha surpresa ao encontrar um artigo que resumia tudo o que eu tinha sentido nos últimos dias de pesquisa. O artigo em questão é “Entre o ser ou não ser: Cultura Cuiabana ou Cultura Mato-Grossense?” apresentado pelos professores Maria das Graças Alves de Jesus e Antonio Ricardo Calori de Lion no III Simpósio Nacional de História da UEG.

A pesquisa deles surgiu após notarem que seus alunos da cidade de Rondonópolis, distante da capital, não se identificavam com o que era dito como “cultura mato-grossense”. Eles me levaram por um caminho de descoberta do porquê isso poderia ter acontecido e irei agora trazer os pontos de destaque para vocês.

As manifestações culturais ditas como do Mato Grosso são o Siriri, o Cururu, o Lambadão Cuiabano e o Rasqueado. Festas religiosas que misturavam o sagrado e o profano eram comuns e derivavam de uma influência cultural da Idade Média com a adição de elementos da cultura colonialista portuguesa, espanhola e dos povos platinos que chegaram com a Guerra do Paraguai. Isso gerou uma grande diversidade na região e as misturas foram as responsáveis pelo surgimento do Rasqueado Cuiabano, por exemplo, que tem sua origem na Polca Paraguaia.

Já os mais tradicionais Cururu e Siriri, acontecem nessas já citadas festas religiosas, duram diversos dias e são realizados em diferentes etapas da festividade, trazem influência da cultura indígena que é muito forte na região.

O Cururu é uma dança realizada por homens em roda que cantam e entoam versos ao som da Viola de Cocho (instrumento fabricado pelos próprios cururueiros e que carregam fitas coloridas indicando o número de rodas em que a viola foi tocada em devoção a algum santo) e do Ganzá. Já o Siriri é mais aberto ao público geral, e é onde todos podem participar, cantar e dançar no último dia da grande festa, depois da missa e do tradicional chá com bolo.

A verdade é que com todas as questões políticas que envolviam as demais cidades do estado no momento em que acontecia a separação do Mato Grosso do Sul, e com a chegada de diversos povos que traziam uma grande bagagem cultural pós-Guerra do Paraguai, foi preciso que o estado afirmasse o que tinha de mais conhecido, e, portanto, o que era produzido na capital e nas cidades ao redor, como algo cultural, forte e significativo de todo o estado para que não se perdessem esses ritmos mais antigos e, até mesmo, ritualísticos da região. Com isso, talvez o rasqueado e o lambadão tenham sido os únicos ritmos que se permitiram desenvolver, e sair dessa caixinha religiosa e ritualística, com essas influências que foram aceitos como característicos.

E é por isso que quando se busca por músicos do Mato Grosso chegamos a nomes como os de Mestre Guapo, Vera e Zuleica, Henrique e Claudinho e Pescuma. Entretanto, uma busca por plataformas mais atualizadas e se perguntando a moradores do estado, é possível chegar a nomes de muitos outros músicos (e muita mulheres como Karola Nunes, Estela Ceregatti, Laura Paschoalick, Pacha Ana e mais!), que vem hoje imprimindo sua identidade, reais referências, e criando uma expansão da cultura mato-grossense como plural e inclusiva para todo o estado.

Referências:

DE JESUS, Maria das Graças Alves e DE LION, Antonio Ricardo Calori. Entre o ser ou não ser: cultura cuiabana ou cultura mato-grossense. Anais do III Simpósio Nacional de História da UEG. 2013.

Mato Grosso de todos os Ritmos celebra aniversário do Estado com diversidade musical. Disponível em: < http://www.cultura.mt.gov.br/-/11675184--mato-grosso-de-todos-os-ritmos-celebra-aniversario-do-estado-com-diversidade-musical >. Acesso em: 13 abr. 2021.

 

Da Cavalhada ao Cururu: conheça MT em sete manifestações folclóricas. Disponível em: < http://www.cultura.mt.gov.br/-/12449857-da-cavalhada-ao-cururu-conheca-mt-em-sete-manifestacoes-folcloricas>. Acesso em: 13 abr. 2021.

 

Confira músicas que resumem a alma de Cuiabá em 294 anos. Disponível em: < http://g1.globo.com/mato-grosso/noticia/2013/04/confira-musicas-que-resumem-alma-de-cuiaba-em-294-anos.html>. Acesso em: 13 abr. 2021.

Tatiana Agra

Integrante da AH!BANDA - Núcleo 1

VIDA DE TEIMOSIA - Estela Ceregatti
05:11

VIDA DE TEIMOSIA - Estela Ceregatti

VIDA DE TEIMOSIA (Estela Ceregatti) Se a vida parece de tinta estampada em papel canson borrada e desfigurada aquarela desmanchando cor Repare que mesmo no seco na secura do sertão há cactos nos telhados das casas de barro e palmas no chão Vida de teimosia é planta que vinga é chuva que pinga é mar que revira é ventre de mãe repleto e pleno ventre que habita o meu cantar E se a vida desbota morta no agora olha pro céu lá feito um papel e vê poesia a cor que recria o norte da vida pra cantar. *Vídeo compartilhado pelo edital de credenciamento "Festival Cultura em Casa" promovido pelo governo do Estado por meio da SECEL - Secretaria de Cultura Esportes e Lazer. - Show TERRA - FORÇA MULHER (08/03/20). Músicos: Jhon Stuart (arranjo, produção musical, contrabaixo acústico), Yndira Villaroel (violino), Rykaelly (trombone), Manoel Neto (Guitarra), Estela Ceregatti (voz, violão, arranjo, direção musical). Cenografia: Daniela Monteiro Iluminação: Karina Figueredo Figurino: Feitiço da Lua Direção Cênica: Daniela Leite Direção artística-musical: Estela Ceregatti Vídeo: Moiré Filmes (Juliana Segóvia e Julia Mux) Áudio: Manoel Neto Apoios: Feitiço da Lua, Mega Som Instrumentos Musicais, Espaço Garden, Associação Solarium Cuiabá, Avant Star, Daniela Monteiro, Alice Pereira, Pedro Ivo, Moiré Filmes, Sesc Arsenal. PÁGINAS: Facebook: https://www.facebook.com/estelacerega... Instagram: https://www.instagram.com/estelacereg... Spotify: https://open.spotify.com/album/5qKkKd... SITE: http://www.estelaceregatti.com Março de 2020, Sesc Arsenal. #quarentena #estelaceregatti #vidadeteimosia #tbt #secel #festivalculturaemcasa
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